terça-feira, 6 de outubro de 2009

Da criação - parte 2 - O ócio criativo

Voltando para o suntuoso momento da criação, o Onisciente criou várias coisas e lugares para (ainda que tentar) cansar o Tédio. Contudo, não gostando do que fez, comprimiu tudo o que havia inventado em uma pequenina trouxa amarrada com um lençol na ponta de um pedaço de pau: fugiu de casa e dos abusos cometidos pelo Grande Tédio.

Alguns físicos bolaram a idéia de que o universo está em um movimento eterno de expansão e compressão, postularam então que no momento da explosão do Big Bang se ouviu: “Ooops, eu fiz denovo” – Muito tempo depois, a frase virou hit de sucesso no mundo todo na voz de uma cantora pop americana.

Então, o Ó-Todo-Poderoso continuou em paz durante algum tempo, porém, para combater o Tédio Eterno, o Onipotente inventou o ócio criativo. De acordo com o famoso filósofo Everard Hovkin da Universidade de Syakinevasuzavsky na Rússia, esse foi o ponto de partida para a criação de quase todas as coisas que conhecemos hoje. Essa perturbação na ordem natural, e tediosa, das coisas criaria as sociedades, as guerras, a fome, a dialética e os magníficos aparelhos de MP25 que tocam vídeos, músicas, tiram fotos, fazem ligações, dão água pro cachorro, mandam mensagens, hologramas, dá cambalhota e armazenam uma infinidade de livros e informações inúteis!

O ócio criativo funciona da seguinte forma: o Onipresente, após um Épico Banquete Esplendoroso, senta-Se com uma revista de fofoca sob um objeto que ele mesmo criou – uma espécie de poltrona de porcelana com um formato apropriado para se repousar os glúteos e com uma leve diferença das poltronas normais – ela possui um buraco no centro. Passado algum tempo, por vezes desagradável, a criação repousa em uma água que se encontra no interior da cavidade embaixo do assento.

Muitos se perguntam sobre porquê Ele deu o nome de Assentuamento Monumental já que, geralmente, usamos um assento para colocar os glúteos e acentuamos palavras com acento. A informação mais aceita vêm de uma placa de granito que foi encontrada no caminho antigo para Judéia. Em hebraico rudimentar, meio apagado, pode-se ler “Escreto vinho serto por linhas e tortas.” Ao longo dos anos nada de conclusivo foi encontrado sobre a citação e o verdadeiro significado da frase mas, algumas pessoas acreditam que ela deu origem a um certo ditado popular.

Em uma das muitas vezes em que fez uso do Assentuamento Monumental, o Ser Absoluto inventou, sem querer, a solidão. Amuado e sozinho, criou a cura para a depressão em um momento de aperto. Ora, sabemos que o ÓÓÓ “Onipotente, Onipresente e Onisciente” não vive em sociedade; assim sendo, não há regras sociais pra reger o seu comportamento. Em todo o Seu tédio resolveu brincar com o efeito colateral do "divino aperto nas tripas após um Épico Jantar Suntuoso" – o barro. Obviamente não é como o barro que conhecemos no nosso dia a dia: é barro divino, inefável, duradouro e extremamente inconsistente.

Aparentemente houve muita diversão, pois, o ÓÓÓ esquecera da solidão enquanto estava ali a brincar com o barro celestial. No meio dessa brincadeira, encontrou algo estranhamente familiar – parecido com algo que não identificara no banquete mas comeu mesmo assim (possivelmente costeletas de porco). Desse objeto não identificado Ele inventou algo que chamou de Mulher; enquanto, ao barro amassado, deu o nome de Homem. Da mistura desses dois a humanidade foi criada, procriou-se e deu origem a 6 bilhões de barrelas divinas ambulantes achando que é gente.

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